PROMESSA
Prometi
que ia esvaziar-me,
arrancar do peito
o desespero, a raiva, a dor que mata,
mas também a indiferença e o torpor,
o nada, que dia a dia se agiganta
e me estrangula como um garrote abrasador.
Prometi
que ia pegar numa caneta
e desenhar mil gotas de água
que me escorressem pelos dedos
como chuva abençoada,
esborratando o traço,
mas apagando do meu chão os medos.
E que depois os versos
brotariam como flores
com as cores da primavera,
e o poema nasceria,
letra a letra,
feito de
quimera e voaria,
como pássaro fugido da gaiola.