O MAR POR COMPANHIA
Tinha o mar por companhia
e o céu como horizonte.
Estava aberta aos sons cadenciados e ondulantes
das vagas altas que aos meus pés morriam
e os meus sentidos despertavam
quando a espuma branca me tocava
e a pele me estremecia.
Tinha ânsia de partir
e uma vontade escondida de ficar
na esperança que voltasses
atraído pelo cheiro desta saudade rasgada
que no meu peito ficou
depois da tua partida.
Oiço o grito derradeiro
que uma gaivota desenha
no seu voo solitário
riscando o sol que mergulha
e num mar de luz se apaga
enquanto a tua imagem
se acende em mim
como um braseiro.